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domingo, 14 de junho de 2009

Lúcia Flecha de Lima - Vida privada e vida pública


A “embaixatriz” – título indevido – Lúcia Flecha de Lima é dona de sua vida, de seu corpo e deles faz o que bem lhe aprouver desde que não os transforme, o corpo principalmente, em instrumento de ganhos em grandes negociatas com dinheiro público.

Aí, a própria expressão se auto define. O dinheiro é público. A “embaixatriz” protagonizou episódios vergonhosos durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, apogeu de seu falecido marido o embaixador Flecha de Lima. O caso com ACM facilitou muito mais que embaixadas de alta relevância para o marido. Foram grandes os “negócios” envolvendo um banco nas Bahamas do qual o senador era sócio junto com o banqueiro Ângelo Calmon de Sá – Banco Econômico, liquidado por fraudes diversas – e obras para a construtora OAS de um ex-genro de ACM, mas que nunca perdeu as ligações com o antigo sogro.

A sigla OAS chegou a ser aquinhoada com o epíteto Obras do Amigo Sogro. E não foram poucas as vezes que a “embaixatriz” foi chamada a desembaraçar debaixo dos lençóis situações que poderiam favorecer concorrentes da empresa, tanto no Brasil, como no exterior.

Quando a diplomacia não alcançava êxito a “embaixatriz” entrava em cena.

Lúcia Flecha de Lima é irmã do deputado estadual Ademir Lucas, do PSDB de Minas Gerais, ex-prefeito de Contagem e foi uma das protagonistas mais poderosas em muitas das privatizações feitas no governo de FHC. Tinha uma concorrente direta e poderosa, a mulher do ex-colunista social Wilson Frade – ESTADO DE MINAS – mãe de Paola, mulher de Pimenta da Veiga, ministro das Comunicações feito debaixo dos lençóis, em substituição a Mendonça de Barros. A sogra de Pimenta da Veiga representava os interesses da ANDRADE GUTIERREZ, empreiteira com sede em Belo Horizonte – o marido também tinha vínculos indiretos com a empresa – e a ANDRADE GUTIERREZ foi uma das participantes do consórcio com a família Jereissati e a Telefônica de Portugal na formação da TELEMAR.

Registre-se que numa conversa telefônica divulgada pelo jornal FOLHA DE SÃO PAULO, logo após a reeleição de FHC, num episódio em que o ministro Mendonça de Barros foi pego com a boca na botija enrolado em propinas da Telefônica Espanhola, o economista André Lara Resende chamou a TELEMAR de “telegangue”, advertiu FHC dos riscos do grupo comprar o lote a ser privatizado – incluía a TELEMIG – e o ex-presidente, que debaixo dos lençóis e com a sogra de Pimenta da Veiga já havia definido a negociata, foi monossilábico nas respostas, até quando Lara Resende afirmou que “estamos entrando nos limites da irresponsabilidade”.

Lara Resende não sabia que FHC estava sendo lacônico pelo fato de já haver decidido. Além dos lençóis e da sogra de Pimenta da Veiga estava no meio da história o senador Tasso Jereissati. À época a mídia divulgou que Tasso estava brigado com seu irmão Carlos por conta de “negócios”. Despiste para isentá-lo de eventuais responsabilidades, ou irresponsabilidades como disse Lara Resende, que porventura pudessem vir a acontecer.

A TELEMAR ganhou o lote que disputou sob os lençóis. Pimenta da Veiga virou ministro das Comunicações por indicação da sogra, feita sob os lençóis. E brigado ou não Tasso está nos “negócios” da família.

Não existe privacidade nesses episódios e nem em tantos outros envolvendo a “embaixatriz” e tampouco a sogra de Pimenta da Veiga. Esse tipo de comportamento proliferou no governo FHC e era o método preferido por ACM para acumular o que hoje é um patrimônio de dois bilhões de reais em disputa judicial. Lúcia quer parte do botim.

Resolveu largar de lado o pudor.

Se prestarmos atenção todos esses fatos envolvem tucanos, referem-se ao governo de FHC e José Serra está pronto para reimplantar o modelo caso seja o vencedor das eleições de 2010.

É da gênese tucana esse tipo de podridão. É o jeito FIESP/DASLU de ser. Não tem nada a ver com a DASPU. Ali existe um código de dignidade e essa gente não tem a menor idéia do que seja isso.

No título “embaixatriz” fizeram e fazem uma pequena confusão. E meretriz. No máximo cortesã, mais adequada, já que próxima dos reis, príncipes, banqueiros, empreiteiros, deputados, senadores, embaixadores, etc, etc, além de ter sido amiga da princesa Diana.

Num dos comícios do irmão Ademir Lucas em Minas Gerais, Contagem, a senhora em questão, no palanque, no máximo do circo, proclamou que se o irmão vencesse iria trazer Diana ao Brasil e especialmente a Contagem. E embora tenha sido prefeito de Contagem duas vezes Ademir perdeu uma das eleições, justamente essa.

Não existe vida privada nesse tipo de ação. A conta vem para o brasileiro comum que é induzido diariamente pela mídia a acreditar que a corte britânica é um padrão de vida a ser seguido. E que episódios com o que envolveu Bil Clinton e uma estagiária no salão oval da Casa Branca se resolvem com desculpas.

Tudo bem se a conta não viesse cá para baixo e se esses fatos todos não fossem os fatores determinantes das grandes negociatas nos anos FHC.

Simples de entender. Quando o ex-presidente colocou o Brasil a venda os apetites do mundo dos “negócios” se aguçaram de tal forma que na absoluta amoralidade e aética, virou o jogo do vale tudo. Lúcia Flecha de Lima, como a sogra de Pimenta da Veiga e outras menos votadas entram na história por aí, debaixo dos lençóis. Tornaram-se eficientes funcionárias nesse jogo de eu fico com a telefonia, você fica com a energia, eu levo a VALE, eu não aceito menos que vinte por cento e por aí afora.

O problema da “embaixatriz” é a gula. Quando viu o tamanho do patrimônio do senador ACM no inventário já objeto de racha familiar entendeu de querer a sua parte, pois sentiu-se mais que caso do senador, mas parte das “empresas”. E era de fato.

O que está trazendo esse tipo de fato a tona, a discussão, não é o comportamento da “embaixatriz” que meio mundo sabia e a outra metade tinha certeza. Mas a própria forma da senhora em questão lidar com o assunto.

Continua arguta e viva nos “negócios”, quer o seu.

À época que explodiu o escândalo do Banco Econômico FHC tentou diminuir o poder de ACM nos “negócios” e apareceu uma tal “pasta vermelha”. ACM, ciente que a pasta faria um estrago sem tamanho em sua quadrilha, ameaçou céus e terras e devolveu a ameaça – “se eu abrir a boca, contar o que sei cai a República”. E a pasta sumiu. Dia desses, por conta da demora da Justiça em resolver o problema do Banco Econômico, outra negociata, o banqueiro Ângelo Calmon de Sá saiu da incômoda posição de devedor, para credor. Recebeu alguns bilhões, tudo no esquema juros para lá, juros para cá, propinas aqui e propinas ali.

Deve ser culpa do delegado Protógenes, com certeza. Dele e sua mania de investigar banqueiros.

Lúcia Flecha de Lima não passou só sob os lençóis de ACM Não. Para atender aos desígnios do “chefe”, trabalhou arduamente em lençóis de governantes e ministros estrangeiros, funcionários graduados de governos onde a OAS quisesse plantar suas máquinas e “intermediou” no escurinho do cinema muitas transações do Banco Econômico e do banco que Calmon de Sá e ACM tinham nas Bahamas.

O diabo desse trem é que o “escurinho dos cinemas” eram as assombrosas recepções que a senhora em questão promovia nas embaixadas onde o marido pontificava – se é que pontificou em alguma coisa – feitas todas com dinheiro público, inclusive o hábito de se pagar a alguns colunistas sociais – de forma indireta – por notas destacando os méritos da dama chamada muitas vezes de locomotiva do Brasil no exterior. O jornal ESTADO DE MINAS vive até hoje desse tipo de expediente, chantagem com governantes.

Aí, insisto, não há vida privada. Há um imenso esgoto por onde correm tucanos, seus “negócios” e as equipes de “vendedoras”.

Lúcia vendia esses “negócios” sob os lençóis e por ser considerada uma eficiente operadora, além de muito bem relacionada, virou ícone desse mundo sórdido que durou oito anos, o mandato do repugnante e abjeto Fernando Henrique Cardoso.

Já que citei o senador pastel Eduardo Azeredo no primeiro artigo que escrevi sobre o assunto, explico porque. Muitas vezes o palácio do governo de Minas foi usado como motel nos acordos e acertos dessas patrióticas operações. A TELEMAR passou por ali. O governador à época era ele, mas o governo era exercido por sua mulher e o deputado (renunciou para não ser cassado) Fernando Brant.

Onde tem vida privada nisso? Pagamos o preço até hoje. A polícia nesses casos não recolhe "embaixatrizes" aos costumes, mas protege.

Por Laerte Braga

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