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terça-feira, 7 de julho de 2009

Senadores do PT podem seguir o exemplo de De Gaulle ou de Pétain

Esperamos que até o final do dia, possamos fazer rasgados elogios aos Senadores do PT, por tomarem a decisão correta de defenderem a presidência do Senado para a bancada governista.

Esta nota foi escrita cedinho, na terça-feira, antes da reunião da bancada do PT do Senado que decidirá a posição a tomar.

As notícias de segunda-feira indicavam que 5 senadores defendem a tese de afastamento de Sarney, entregando a Presidência do Senado à oposição:

Eduardo Suplicy SP
Flávio Arns PR
Marina Silva AC
Paulo Paim RS
Tião Viana AC

E defendem a tese de apoiar a permanência da Presidência do Senado com a base governista, sete senadores:

Aloizio Mercadante SP
Augusto Botelho RR
Delcídio Amaral MS
Fátima Cleide RO
Ideli Salvatti SC
João Pedro AM
Serys Slhessarenko MT

Fico feliz com a posição de Mercadante, se confirmada. Já nos irritamos uma vez que o Senador elogiou FHC diante do empresariado paulista, mas isso é desculpável, diante das votações e embates nos momentos decisivos.

O livro "Brasil Segundo Tempo", que o senador Mercadante lançou em 2006 durante a campanha de Lula comparando o desempenho do primeiro governo Lula com FHC, foi um dos meus manuais de argumentação na campanha de Lula, de tão útil que foi. É com esse Mercadante que eu quero poder contar.

Delcído Amaral, deve se lembrar que, infelizmente perdeu a eleição de 2006 para governador, e apesar de eu não estar próximo da política de Mato Grosso do Sul, acredito que foi consequência da CPI dos Correios. Em determinados momentos, Delcídio votou com a oposição. O Senador acreditava estar sendo honesto e ouvindo a consciência, mas a oposição não estava sendo honesta, fazendo os escândalos serem seletivos, e direcionados exclusivamente contra o PT. Ele perdeu votos petistas e lulistas e não ganhou votos tucanos, que já tinham donos. Agora não deve repetir o erro.

Como cansamos de dizer, não se trata de defender a pessoa de Sarney, nem defender impunidade nenhuma, se trata de não trair o eleitor entregando o posto POLÍTICO da Presidência do Senado para a oposição.

Se os Senadores do PT não entregarem o posto para a oposição, estarão representando os interesses dos eleitores que os elegeram, e não submetendo-se à pressão da imprensa, direcionada para os eleitores da oposição.

O posto de Presidente do Senado é POLÍTICO.

A crise do Senado é administrativa. E quem é síndico, ou "prefeito", do Senado que responde pela administração é o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM/PI), sucessor de Efraim Morais (DEM/PB).

Por isso, os Senadores do PT cometerão o maior erro político da história do Senado se entregarem a Presidência à oposição, quando o foco do problema é justamente no cargo ocupado pela oposição, por Heráclito Fortes. Que sentido há em afastar Sarney, sem afastar Heráclito e Perillo?

Caso se apequenem para fazerem apenas o papel de sub-síndicos do Senado, entregarão nas mãos da oposição as grandes decisões nacionais, como o controle da votação dos trilhões de reais em Petróleo do pré-sal, e a capacidade da oposição paralizar o governo do PT de Lula, em todos os assuntos que depender do Senado.

A situação dos atuais Senadores do PT, se entregarem a presidência do Senado à oposição, será, perante à história, semelhante ao do Marechal Pétain, na França, líder do governo instalado pelos nazistas durante a II Guerra Mundial. Pétain era herói de guerra, na Primeira Guerra Mundial, mas entrou para a história como traidor colaboracionista na II Guerra.

Se os Senadores do PT resistirem aos ataques da mídia e da oposição, farão a coisa certa, e farão como De Gaulle na Resistência Francesa, se consagrarão ficando com parte dos créditos da moralização parcial do Senado já em curso, e sobretudo ficarão também com o bônus da vitória nos embates das grandes políticas nacionais, como o novo marco regulatório do pré-sal.

A imprensa incita os brios dos Senadores, ofendendo-os como se fossem submissos ao poder executivo. Não é disso que se trata. Se trata de serem fiéis ao eleitorado que os elegeu, e serem fiéis à luta política para implementar os compromissos assumidos em campanha no estado brasileiro (notem que eu disse ESTADO, sequer foi governo).

Um partido não é igual ao governo, é verdade, afinal o governo tem limitações determinadas por alianças, e o partido pode e deve ser mais "puro", mais ideológico. Mas tanto o legislativo como o executivo do mesmo partido compartilham a mesma luta política, e é essa luta política frente ao projeto antagônico da oposição, que não pode ser abandonada em hipótese nenhuma, senão os próprios mandatos perdem a razão de ser.

Estes dias, fizemos críticas fortes e ácidas à bancada do PT no Senado, mas esperamos que possamos, no fim do dia, pedir a todos os leitores que reafirmem o voto de confiança nos senadores do PT.

Esperamos que os todos os senadores que ainda relutam, reflitam sobre seu papel e sobre suas responsabilidades perante o eleitorado que o elegeu, e não perante a pressão da imprensa.

Os senadores do PT são aqueles com visão do projeto de Brasil que sonhamos, de justiça social. É o mesmo projeto do governo do PT de Lula. Em 2010 precisamos lutar para reeleger e ampliar a bancada do PT, PCdoB, PSB (e o PDT, caso se redima), e setores progressistas do PMDB. É essa a verdadeira possibilidade de refundação do Senado que a senadora Marina Silva diz, com razão, ser necessária, mas que só será viável no voto, em 2010. E não contem com o PSDB como aliados. Eles querem acabar com a raça do PT em 2010, assim como o DEMos.

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