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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Íntegra da entrevista na TVT: a voz de José Genoino sobre o julgamento político do 'mensalão'

Ação penal 470

Julgamento foi numa conjuntura peculiar. Fizeram coincidir com as eleições.

A grande imprensa jogou um papel decisivo, porque criou uma visão binária: "ou condena ou é convivente com a corrupção, com a impunidade".

Aí criou uma visão binária, no sentido do maniqueísmo, no sentido de não examinar as provas, de não examinar os autos, de não examinar os detalhes, de não individualizar as condutas, de não examinar o que era crime eleitoral do que não era.....



Por exemplo, meus sigilos fiscal, bancário e telefônico foram totalmente quebrados. Eu quebrei. Não encontraram nada, nada, zero. Foi um momento muito duro e eu me tranquilizei com minha consciência. Primeiro, eu não cometi crime, eu não cometi ilícito; eu fiz escolhas políticas.

Os empréstimos que eu assinei foram todos legais. E o que eu fazia no Congresso, como presidente do PT, eram reuniões. Até as pessoas diziam que eu era deputado sem mandato, que eu vivia no Congresso ajudando a bancada do PT, que não era maioria; ajudando a formar maioria. Nunca tratei de pagamento, de recebimento, de nada.

Eu vou lutar até o fim da minha vida para provar minha inocência e jamais vou deixar de recuperar a minha história.

A minha história não é de dinheiro, não é de riqueza, a minha história é de ideias.

Ação Política

Nós temos duas grandes tarefas, que é uma reforma política e uma democratização do acesso à informação. Esses são dois desafios que deve estar na nossa agenda, porque a informação quanto mais pluralista, quanto mais diversificada, melhor.

Não significa calar as grandes redes. Significa multiplicá-las. Significa descruzar as propriedades. Significa facilitar o acesso [à informação ampla].

Nós temos que resgatar o sentido da política. E, hoje, resgatar o sentido da política é afirmar o Congresso, afrirmar o executivo que o poder emana do povo, fazer uma reforma política, diminuir o peso do dinheiro nas campanhas. O problema da política é ter uma aproximação entre o representante e o representado.

Ação Partidária

Eu não consigo viver fora da política, nem fora do PT. Paramin são coisas inseparáveis. O PT, para mim, corre no sangue e nos neurônios, porque... eu me mudei com PT e o PT me mudou. Eu aprendi muita coisa no PT, porque eu vinha de uma experiência do PCdoB, da guerrilha, e fui aprender no PT a conviver com militante, operários, com partido de massa, com convenções debatidas, com muita divergência, com muita polêmica. Então eu criei uma relação muito fraternal com a militância do PT.

Futuro e solidariedade

Eu respeito a Constituição Brasileira, que eu participei da elaboração e assinei, e respeito e soberania popular. Eu tive 92 mil votos; sou o primeiro suplente, e a Constituição determina que se um parlamentar renunciar, o presidente da Câmara convoca. Isso não depende de mim, isso está na Constituição, e eu tenho a legetimidade da soberania dos 92 mil votos. Então é cumprir a Constituição e o princípio da soberania, porque o poder emana do povo.

Eu estou sempre recomeçando. E não é por acaso que uma das iniciativas da Rioko [mulher de Genoino], é um bordado... já passaram pelo bordado dezenas de pessoas, mas estou me lembrando porque é um pássaro, Fênix... significa que nasce das cinzas.

Você achava que quando eu estava preso com aquela fotografia, eu imaginava que um dia eu ia ser deputado? Jamais passava pela minha cabeça. Eu queria sobreviver. Tinha dia que eu queria água. Não sabia o que ia acontecer no dia seguinte.

Então eu acho que a gente precisa ser paciente com nossas convicções. E uma coisa que está sendo marcante para mim é a solidariedade. Eu estou recebendo solidariedade de pessoas... de muita gente do PT, muita gente do governo, muita gente que não é do PT, nem do governo. São seres humanos que comungam no sentido de celebrar uma solidariedade, que eu acho muito importante.

1 Comentários:

Ricardo disse...

Genoíno foi um dos melhores deputados do Congresso. O que a mídia golpista e o STF fizeram com ele e outros réus, condenados sem provas por crimes que não cometeram, é inaceitável.

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