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terça-feira, 30 de julho de 2013

Manifestantes que apoiaram o Ministério Público na PEC37 viram alvo do órgão no RJ

Manifestante da periferia é um dos únicos a ter casa revistada e foi denunciado pelo MP-RJ
"Quando a cabeça não pensa, o corpo paga", já dizia minha avó. É o que está acontecendo com manifestantes do Rio de Janeiro que escolheram o caminho de protestos violentos e da depredação.

Os manifestantes apoiaram o Ministério Público (MP) na derrubada da PEC 37, para o MP ter mais poderes de investigar e combater a corrupção. Com os recentes protestos violentos, o MP do Rio, em vez de mobilizar seus membros para investigar casos de corrupção, como é reclamado por manifestantes, formou força-tarefa junto com a Secretária de Segurança Pública para criminalizar manifestantes que tenham infringido as leis.

Com esse tiro no pé, já sobrou para um mais pobre. Sabe-se lá se é culpado ou não, mas Arthur dos Anjos Nunes, 21 anos, é um dos dois únicos manifestantes denunciados pelo Ministério Público Estadual do Rio, por enquanto.



Arthur é acusado de emprego de artefato explosivo, “semelhante a coquetel molotov”, contra policiais presentes ao ato realizado em frente à Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Também foi denunciado por formação de quadrilha e incitação ao crime, além de dano ao patrimônio. Foi requerida sua prisão preventiva para garantia da ordem pública. A denúncia foi feita pela 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal da 1ª Central de Inquéritos.

Morador da periferia do grande Rio, em Itaboraí, em uma rua em parte sem pavimentação, a casa de Arthur recebeu a visita de policiais para cumprir mandado de busca e apreensão, onde foram apreendidas facas de cozinha e ferramentas como martelos, objetos corriqueiros em uma casa, além de camiseta e cartaz com mensagem anarquista e um livro sobre o movimento anarquista punk inglês (ainda apreendem livros?). De mais estranho só um soco inglês e uma bandeira preta escrita "olho por olho"com a cruz suástica com um X vermelho em cima e outro símbolo do anarquismo, retratando a rivalidade de anarcopunks com neonazistas. Seu advogado, André de Paula, que também defende a Frente Internacionalista dos Sem Teto (FIST), movimento social ao qual Arthur integraria, disse que seu cliente se identifica com anarcopunk, e nega que ele seja responsável pelos atos que o acusam.

Curioso é que quase todos manifestantes de classe média alta detidos nas manifestações pagaram fiança, e não há notícias de que a polícia tenha ido em suas casas cumprir mandados de busca.

Outra curiosidade é que, durante a Copa das Confederações, não faltaram manifestantes pedindo investigação sobre as obras do Maracanã. Até para pacificar o assunto, o Ministério Público do Rio de Janeiro deveria fazer um inquérito sobre a obra, seja para avalizar a correção das contas, seja para denunciar eventuais sobrepreços e reaver de empreiteiras e autoridades responsáveis o dinheiro em processos de improbidade, se for o caso. Em vez disso, há poucos dias, uma comitiva do órgão fez vistoria no Estádio, mas não para apurar irregularidades nas contas, apenas para averiguar cumprimento da legislação referente à segurança, acessibilidade e direitos previstos no Estatuto do Torcedor.

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