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terça-feira, 12 de agosto de 2014

Aécio nocauteado no JN. Proposta Zero. Culpou os pobres pelos maus números do governo dele.


Aécio Neves (PSDB) foi um desastre do começo ao fim na entrevista ao Jornal Nacional. Não respondeu o que foi perguntado. Embromou, enrolou muito. Quando respondeu, não convenceu e até mentiu.

Projeto "Proposta Zero"

Mas nada define melhor a entrevista do que o ocorrido na última pergunta. Patrícia Poeta colocou a bola na marca do penalti para Aécio chutar e perguntou: "Candidato, nosso tempo está acabando. Última pergunta. Dos projetos que o senhor tem para o país, quais seriam os prioritários?"

Aécio conseguiu a façanha de não citar um único projeto. Zero! Falou um blá-blá-blá danado sem dizer nenhum projeto. Pirateou o que Dilma fala sobre governar para quem mais precisa e, em vez de oferecer pelo menos um projeto aos brasileiros, se limitou a ser pidão: pediu voto nele.

Sobre as outras perguntas, o Jornal Nacional deu um calor, fazendo perguntas incômodas, mas não se iludam. Tiveram duas funções:

1) Tentar melhorar a imagem por causa do "manchetômetro" - um estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, mostrando quanto o Jornal Nacional usa o noticiário para fazer campanha anti-Dilma e a favor de Aécio.

2) Vacina: Estas perguntas feitas no Jornal Nacional seriam feitas em debates e em outras entrevistas de qualquer jeito. Logo já vai amaciando o assunto.

Para Aécio baixo IDH de Minas é culpa dos pobres que "atrapalharam" os números do governo dele.

Em um momento Patrícia Poeta perguntou: Candidato, como é que o senhor explica o desempenho no campo social de um estado rico como Minas Gerais que, hoje, sustenta o menor Índice de Desenvolvimento Humano de toda a Região Sudeste e ocupa a nona posição no ranking nacional, entre todos os estados brasileiros. Estava em oitava posição anos atrás e agora está em nona posição.

Nesta resposta Aécio foi desastroso. Em um trecho da resposta soltou essa pérola para explicar a queda relativa do IDH: "... Minas tem no nosso território, incrustado no nosso território, o Vale do Jequitinhonha, o norte mineiro, o Mucuri, que é uma região, que, historicamente, tem um IDH menor do que a média do Nordeste... "

Ora, quer dizer então que são as regiões pobres de Minas que ele deixou para trás quando foi governador é que "atrapalham" o IDH? É a velha mania dos tucanos dizerem que "o povo" é que atrapalha eles!

E quer dizer, então, que o Nordeste brasileiro evoluiu mais do que as regiões mais pobres de Minas? Que bom que Nordeste se desenvolva, mas a população mais pobre de Minas também merecia um governador que tivesse feito o dever de casa e olhado mais para eles, em vez de construir aeroportos para a própria família do Aécio.

Aliás um caso típico é a cidade de Montezuma, de baixo IDH, onde Aécio herdou uma fazenda apropriada do Estado de Minas, e construiu outro aeroporto lá, enquanto só 27% dos domicílios tinham esgoto.

Outro deslize na resposta foi dizer que uma das causas foi Minas ter um momento ruim em atividades econômicas como minério e o café. Ora, então quando é em Minas, a crise internacional serve para justificar queda no crescimento, mas quando é no Brasil não serve?

Aeroporto

Bonner perguntou: (...) o senhor construiu um aeroporto no município de Cláudio, a sua família tem uma fazenda a seis quilômetros desse aeroporto e a pista foi construída ao lado de terras do seu tio-avô. O senhor já disse diversas vezes que não houve nenhuma irregularidade nisso, que as terras eram públicas, porque já tinham sido desapropriadas, inclusive a sua família discorda do valor arbitrado para essa desapropriação, contesta esse valor, considera injusto, está na Justiça. O senhor disse também que o aeroporto foi criado pelo senhor para beneficiar a economia da região. E desde que esse assunto surgiu, o único erro que o senhor admite ter cometido, eu vou ler as suas palavras, o senhor disse que ‘viu aquela obra com os olhos da comunidade local e não da forma como a sociedade a veria à distância’. Eu pergunto: mesmo aos olhos da comunidade local, candidato, o senhor considera republicano construir um aeroporto que poderia ser visto como um benefício para a sua família, no mínimo, por valorizar as terras dela?

Aécio respondeu o blá-blá-blá já dito nas notas oficiais. Não Convenceu.

Bonner perguntou: Mas candidato, essa questão produziu muita polêmica porque, imediatamente, levantou-se uma suspeita sobre o benefício a sua família, que o senhor diz não ter havido. E o senhor tem algum tipo de constrangimento ético pelo fato de ter utilizado essa pista quando visitou a fazenda da sua família?

Aécio respondeu na maior cara de pau: Não, não tenho, até porque não sabia que essa pista não estava homologada, aliás essa é uma questão.

Bonner perguntou: Perdão, mas não se trata da questão da homologação. A homologação é uma questão burocrática. A minha pergunta é sobre usar um aeroporto que foi construído pelo estado de Minas Gerais para visitar uma fazenda sua. Isso não lhe constrange?

Aécio usou toda sua cara-de-pau para responder que é uma fazenda que está na minha família há 150 anos, como se isso justificasse contruir um aeroporto em benefício próprio. Para piorar ainda disse que é um sítio de férias, para passear, que ninguém está fazendo um negócio ali. Ora, quer dizer então que para passear vale construir um aeroporto praticamente para uso particular com dinheiro público?

Por fim, Aécio disse uma mentira: Um que Cláudio "precisava" desse aeroporto.

Observem que Bonner aliviou ao não citar existir o aeroporto de Divinópolis ao lado que atende a cidade de Cláudio muito bem. Também aliviou ao não tocar no assunto do aeroporto de Montezuma e da fazenda tomada do Estado de Minas por um processo rumoroso de usucapião.

Outra mentira foi dizer que a ANAC é a culpada pela não homologação do aeroporto. Em nota oficial da ANAC Aécio já foi desmentido, pois há pendência do Governo de Minas, que é providenciar parecer do Comando da Aeronáutica.

Medidas amargas

Na primeira pegunta William Bonner disse que, segundo economistas ligados aos demotucanos, medidas como corte de ministérios e choque de gestão não bastam, que seria preciso cortes profundos de gastos e eliminar a defasagem de tarifas públicas como preço da gasolina e energia elétrica.

Reparem que Bonner aliviou ao não dizer que o que os economistas demotucanos pedem são cortes nos gastos sociais como o Bolsa Família, arrocho nas aposentadorias, nos salários do funcionalismo civil e militar, demissões, corte de verbas na educação, na saúde, corte nos subsídios ao Minha Casa, Minha Vida e à geração de empregos através do BNDES. Bonner aliviou também ao falar em "defasagem de tarifas", em vez de aumento na conta de luz. E aliviou ao não questionar por que a Cemig (estatal de eletricidade mineira sob comando tucano) pediu aumentos muito acima do que a ANEEL considerou razoável? Por que luta na justiça para subir o preço da energia nas hidrelétricas antigas já depreciadas? Por que prioriza distribuir mais lucros aos acionistas do que baixar a conta de luz? Por que a Cemig estoca energia para vender mais caro no mercado especulativo, o que gera aumento na conta de luz? E por que a Cemig tem planos de investir na Colômbia com as sobras de caixa, em vez de baixar a tarifa?

Aécio respondeu outra coisa, criticando o baixo crescimento e repetindo as críticas ao número de ministérios. Falou também que "enxugará o estado", um termo que soa como música para os banqueiros neoliberais, mas sempre foi um desastre para a classe média e para os mais pobres, como ocorreu no governo FHC.

Bonner perguntou: Mas o senhor não respondeu a minha pergunta. A minha pergunta é se entre essas necessidades se inclui a redução dos gastos públicos e o fim dessa defasagem das tarifas de energia e gasolina.

Aécio respondeu: Não, eu respondo com absoluta clareza. Começando do final. No meu governo vai haver previsibilidade em relação a essas tarifas e em todas as medidas do governo. Ninguém espere no governo Aécio Neves o pacote A, o PAC disso, o PAC daquilo. Ou algum plano mirabolante.

Reparem que Aécio falou em responder com clareza e não esclareceu coisa nenhuma. Falou em governar com previsibilidade, mas se contradisse ao não responder o que fará. Por fim, em uma fala tortuosa e de difícil compreensão, pareceu ser contra o planejamento feito pelo estado, como ocorre com o PAC, que não tem nada de mirabolante.

Bonner perguntou: Mas o senhor vai aumentar as tarifas?

Finalmente Aécio admitiu que sim, ainda que embromando. Errou ao dizer que "quando tiver os dados sobre a realidade do governo é que vou estabelecer isso". Ora, Aécio é senador, ele tem acesso por oficio a qualquer informação do governo que quiser.

Mensalão Tucano

Patrícia Poeta perguntou: Candidato, o seu partido é crítico ferrenho de casos de corrupção que envolvem o PT. Mas o seu partido também é acusado de envolvimento em escândalos graves de corrupção. Como é o caso do mensalão mineiro e também do pagamento de propina a funcionários públicos pelo cartel de trens e metrôs de São Paulo. Isso para citar dois exemplos. Toda vez que escândalos como esse vêm a público, tanto o PT quanto o PSDB usam o mesmo discurso. Um discurso óbvio e correto. Que tudo tem que ser investigado, que se houver culpado tem que ser punido. Por que o eleitor iria acreditar que exista diferença entre os dois partidos quando o assunto é esse: corrupção?

Aí Aécio foi muito mal, passou a imagem do malandro "esperto" que defende a impunidade para os seus amigos. Disse que os petistas foram condenados e os tucanos não, como se isso fosse vantagem. Ora, o povo vê o contrário. Vê dois pesos e duas medidas. Vê que não há impunidade para petistas e há para os tucanos.

Patrícia Poeta: Mas candidato, vamos pegar um exemplo aqui: Eduardo Azeredo, que foi um dos principais acusados de ser beneficiado no escândalo do mensalão mineiro, renunciou e por isso não foi julgado ainda. Ele está ao seu lado, no seu palanque, apoiando essa campanha eleitoral. Isso de uma certa forma lhe causa algum desconforto, não é passar a mão na cabeça das pessoas, de alguém do partido, um réu, nesse caso?

Aécio balbuciou que "Ele está me apoiando, você colocou bem, Patrícia, não é o inverso". E caiu no discurso padrão "que tudo tem que ser investigado, que se houver culpado tem que ser punido" citado na pergunta anterior. Conclusão: não convenceu.

Programa sociais

Patrícia Poeta levantou a bola para Aécio dizer que manterá programas sociais. Perguntou: O senhor tem dito que vai manter alguns dos principais programas sociais do governo atual, como é o caso do Bolsa Família, o ProUni, o Pronatec, o Mais Médicos e também a política de reajuste do salário mínimo. A sensação que dá para muitos eleitores, é que o senhor, sim, aprova o desempenho do PT nessa área social. Por que então esses eleitores iam querem mudar de presidente?

Foi a única pergunta em que Aécio se saiu melhor por admitir a qualidade destes programas. O problema é que, com isso, ele está elogiando Dilma. Para tentar diminuir danos, disse que os programas começaram no governo FHC. Só "se esqueceu" de dizer que no governo FHC os programas sociais existiam mas eram para poucos, com uma verba mínima, que não alcançava todo mundo que precisava, a ponto de deixar a fome do povo como herança maldita para Lula resolver.

Saúde:

Bonner perguntou: O senhor mencionou já duas vezes a saúde em Minas Gerais, o senhor tem dito que é melhor do Sudeste, a quarta melhor do Brasil. No entanto, os analistas que se debruçaram sobre investimentos públicos na saúde de Minas afirmam que isso foi muito mais resultado de investimentos da União e de municípios do que do estado. O senhor não considera a saúde uma prioridade também de governos estaduais, candidato?

Aécio foi desastroso de novo. Em vez de responder a pergunta, disse que em reunião com médicos tucanos da USP, ele foi elogiado.

De novo o Jornal Nacional aliviou ao não questionar porque várias cidades de Minas precisaram receber médicos do programa Mais Médicos, e como ele iria descartar os médicos cubanos, se em Minas ele nunca conseguiu resolver o problema da falta de médicos em regiões carentes.

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