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quinta-feira, 23 de março de 2017

Na Carne Fraca, o que preocupa são só os cifrões da exportação



A Operação Abafa veio tão avassaladora, nos jornais, TV e Polícia Federal, que se confunde com os indícios que busca negar.

Se não aumentou a desconfiança do consumidor, tudo indica, no mínimo, que não lhe abalou os novos temores. Mas o abafa quer também impedir o desenvolvimento das investigações e nisso consegue êxito. O mais importante sobre as práticas de frigoríficos, que seria a negação, confirmação ou ampliação do já denunciado, está sob risco. E, com isso, ameaça a população de que tudo continue como está: sem o seu conhecimento seguro do que paga e come.

Policiais do caso asseguram já haver, entre materiais coletados e não divulgados, provas de grave violação das exigências sanitárias por determinados frigoríficos. Além de evidências da corrupção de fiscais do Ministério da Agricultura por aquelas empresas. De sua parte, o mesmo governo que nega, com os empresários interessados e suas associações, mais do que mero desvio pontual no setor, afasta funcionários e providencia farta rodada de substituições contra a corrupção de fiscais e superiores. Por que haveria essas medidas não pontuais?

Se tudo era tão limpo no setor, exceto em um só ponto dele, por que o esquema de corrupção vai dos fiscais a políticos, com altos gastos no financiamento/compra eleitoral? Por que a entrega a políticos do PMDB e do PP, pelo governo, de cargos ligados à fiscalização? Disputa por controle de fiscalizações é indicação segura de esquemas de corrupção grossa. Encobrir tudo isso é o motivo da pressão sobre a PF, inclusive com insinuações de substituição do seu diretor.

Verdadeiros e de pesadas consequências, os danos à exportação não impedem o desenvolvimento de investigações. São apenas pretextos do governo e dos interessados. São, na verdade, úteis aos importadores, por lhes garantirem melhor qualidade dos produtos comprados. Uma política inteligente, em vez do abafa suspeitoso, até atrairia a proximidade dos importadores com as investigações e análises. Ação, no entanto, só possível para quem não teme.

Não sabemos e não saberemos o que tem sido posto em nossos pratos. Sabemos, porém, que falhas de higiene, conservação inadequada ou inexistente, e substâncias impróprias são intoxicantes. Agem como venenos. Mas o governo e os economistas do seu pequeno mundo mental, com os jornalistas "da base", só falam dos prejuízos à exportação. São, talvez, inexpugnáveis às bactérias neoliberais.

E quantos dos outros têm sofrido entre o pequeno adoecer e a grande intoxicação? Quantos ficaram doentes crônicos, quantos perderam a vida, perderam filhos ou pais por envenenamento alimentar –não importa, isso é gente, e o que preocupa são os cifrões e os porcentos da exportação, da balança comercial, do PIB e, sobretudo, do lucro de quem manipula esse jogo.

"São só 21 frigoríficos acusados". Só. Como diz o bilionário Blairo Maggi, ministro da Agricultura: "Não podemos deixar essa crise matar a agroindústria". Matar, só pessoas? Não parece muito justo.

BRASILEIRINHAS

1- Detentores de grandes fortunas sugerem ao governador de Nova York que paguem impostos maiores, para mais recursos destinados aos sem-teto, pobres em geral e escolas. Aguarda-se o comentário do pato do Paulo Skaf.

2- A Fundação Getúlio Vargas, do Rio, inaugura novo prédio, para a Escola de Administração. Ao qual dará o nome de Roberto Campos. Que, como administrador, estourou dois bancos.

3- O ministro Gilmar Mendes está atacado.  Por Janio de Freitas
Leia também: Família Neves cria o nepotismo, de corrupção: Aécio tem 'rede familiar' de corrupção 

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