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terça-feira, 17 de abril de 2018

Empresa de família de amigo de Aécio teria dissimulado doação ao PSDB, diz MP



A Polícia Federal encontrou em um HD apreendido na construtora Wanmix, de propriedade de um amigo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), extratos bancários que, para os investigadores, sugerem a dissimulação de doação de campanha ao PSDB, em 2014.

Os documentos mostram que no dia 24 de junho daquele ano a empresa Conserva de Estradas recebeu um depósito de R$ 1,5 milhão do Consórcio Cowan Conserva. No mesmo dia, a empresa repassou a mesma quantia para o diretório nacional do PSDB.

As informações constam em uma petição enviada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ao ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, em 9 de abril. No documento, a PGR solicita que os extratos sejam anexados aos inquéritos em que o senador é investigado, entre eles, o que deu origem à denúncia que a Primeira Turma do STF analisa nesta terça-feira, 17, e que pode transformar o tucano em réu.

Os documentos foram apreendidos durante busca e apreensão vinculada ao inquérito em que Aécio é acusado de receber R$ 2 milhões da J&F.

Para a Procuradoria-Geral da República, a "movimentação financeira realizada entre a Conserva de Estradas e Consórcio Cowan Conserva pode indicar que esta última empresa estava dissimulando doação oficial ao PSDB em 2014 se valendo da primeira".

Tanto a Conserva Estradas como o Consórcio Cowan Conserva pertencem à família Wanderley. O dono da Wanmix, onde foram encontrados os extratos, é Eduardo Wanderley, também integrante da família. Amigo próximo de Aécio, Eduardo é sobrinho de Saulo Wanderley, dono da Cowan.

A Wanmix, por sua vez, é uma construtora mineira que forneceu concreto para a construção da Cidade Administrativa, obra mais cara da gestão de Aécio no governo de Minas Gerais. A obra custou R$ 2,1 bilhões e foi citada em delações premiadas como origem de repasses de propina para o tucano. A obra também forneceu concreto para as usinas de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte.

Eduardo Wanderley foi flagrado em conversa com o senador interceptada pela PF no âmbito da Operação Patmos - desdobramento do acordo de colaboração dos executivos do Grupo J&F.

"O Consórcio Cowan Conserva (que repassou o valor de R$ 1,5 milhão para a empresa Conserva Estrada, posteriormente depositado por esta em favor do PSDB) é formada pelas empresas Construtora Cowan e pela Conserva de Estradas. Todas as empresas mencionadas são pertencentes à mesma família", afirma a PGR.

Na peça enviada ao Supremo, Raquel Dodge cita que no diálogo interceptado entre Aécio e Eduardo foi possível concluir que o senador se queixa que o dono da Andrade Gutierrez, Sérgio Andrade, em vez de conversar, resolveu se antecipar e procurar o Ministério Público Federal para narrar fatos relacionado à usina hidrelétrica de Santo Antônio, fatos que não fizeram parte do acordo de colaboração premiada de executivos da construtora com a PGR.

"Aécio solicita que seu interlocutor converse com 'o cara que ia ser o guia' (Sérgio Andrade) para saber os 'termos que vai ser a viagem (...) se vai ser mais longa, (...) se é aquele trajeto que a gente tinha já combinado'", escreve Raquel.

O diálogo foi um dos elementos utilizados pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot, antecessor de Raquel, para pedir a prisão do senador tucano. "Pelo diálogo acima transcrito com o interlocutor chamado Moreno, resta claro que o senador busca apoio junto ao seu interlocutor para obter informações sobre o conteúdo dessas colaborações, visando, evidentemente, evitar que os fatos na sua extensão devida sejam trazidos ao conhecimento do Ministério Público Federal", escreveu Janot.

"Em fontes abertas foi possível constatar a ligação da empresa Wanmix com obras públicas com suspeitas de irregularidades e atualmente investigadas, dentre elas a construção da Cidade Administrativa de Minas Gerais e a construção das UHEs de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte", diz Raquel Dodge no despacho.

De acordo com a PF, o Relatório de Análise de Material Apreendido, feito com base nos extratos, "mostra também engajamento colaborativo do conglomerado da Wanmix para com o partido político de Aécio Neves".

À PF, Joesley cita repasse de R$ 110 milhões para Aécio em 2014

Em poucas horas nesta sexta-feira, a situação do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que virou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) esta semana acusado de corrupção e obstrução de Justiça, se agravou com o surgimento de novas informações. Em novo depoimento prestado à Polícia Federal na quinta-feira, o empresário Joesley Batista afirmou ter repassado R$ 110 milhões a Aécio Neves durante a campanha eleitoral de 2014. A informação foi publicada pelo jornal O Globo

Segundo o jornal, Joesley teria confirmado que os repasses milionários ao tucano estariam atrelados à futura atuação de Aécio em favor dos negócios do grupo J&F. O repasse milionário teria sido dividido pelos tucanos com outros partidos que apoiaram Aécio. Para comprovar os repasses, Joesley ainda entregou aos investigadores uma extensa planilha de “doações” e um calhamaço de notas fiscais e recibos que comprovariam que parte da bolada foi repassada via doações oficias e outra parte, via caixa dois. Aécio sempre negou qualquer irregularidade nas suas relações com o dono do grupo J&F.

Joesley Batista também afirmou, em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), que pagou uma mesada de R$ 50 mil a Aécio entre 2015 e 2017. O dinheiro chegava ao tucano por meio de pagamentos feitos pela JBS à rádio Arco Íris, afiliada da Joven Pan em Belo Horizonte, da qual Aécio foi sócio.

Já o acionista da Andrade Gutierrez Sérgio Andrade confirmou em depoimento à Polícia Federal na última terça-feira que um contrato de R$ 35 milhões firmado em 2010 entre a empreiteira e uma empresa de Alexandre Accioly tinha como objetivo repassar recursos a Aécio.

Em outra frente, o deputado Osmar Serraglio (PP-PR), que ocupou brevemente o ministério da Justiça no início do governo de Michel Temer, acusou o tucano de tentar atrapalhar as investigações da Lava-Jato.

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