Pages

sábado, 6 de setembro de 2014

Delação premiada é bem-vinda. Pauta seletiva é golpismo eleitoral.

Delação premiada, como a de Paulo Roberto da Costa, demitido da Petrobras, se levada com seriedade é muito bem-vinda para depurar as instituições e a política. O que preocupa é a pauta seletiva da imprensa demotucana, ao querer esconder a verdade no noticiário e espalhar boataria para dar golpe eleitoral. A capa da revista Veja pintada de vermelho, como faz em toda véspera de eleição, é exemplo dessa manipulação.

Antes de mais nada, é preciso entender o que é delação premiada. Não basta a palavra do delator, porque só apontar o dedo para alguém não leva à condenação de ninguém. Para ter valor precisa trazer informações novas e que levem à geração de provas materiais. Exemplo: indicar o caminho do dinheiro ainda desconhecido, como contas secretas ou de laranjas, empresas de fachada, descrever operações financeiras que possam ser rastreadas, entregar ou indicar documentos que provem o que diz, indicar testemunhas chaves que possam confirmar fatos concretos, etc.

Promotores, juízes e policiais sérios tratam casos de delação premiada com extremo sigilo, porque se vazar, os delatados destruirão provas, retirarão o dinheiro de contas secretas em paraísos fiscais ou de laranjas para não serem bloqueadas, e podem até colocar em risco a vida de testemunhas por queima de arquivo. O próprio delator pode perder benefícios de ter pena reduzida se a delação não levar a provas aproveitáveis.

Daí, por mais que a revista Veja conte com colaboradores da estirpe do bicheiro Carlinhos Cachoeira, é difícil acreditar que a revista tenha informações neste momento sobre o conteúdo da delação premiada. Ao que parece a revista fez uma colagem sobre o que já saiu no noticiário nos últimos meses e "deduziu" especulando o que poderia conter na delação premiada, bem ao gosto da revista, escolhendo a pauta que lhe interessa para eleger demotucanos, conservadores e corruptos obedientes aos barões da mídia, enquanto busca atrapalhar a eleição sobretudo de quadros do PT.

O Dr. Rodrigo Janot, Procurador-Geral da República, se não quiser deixar uma revista desmoralizar o Ministério Público Federal como ocorreu com seu antecessor no caso Cachoeira, deveria emitir uma nota oficial à imprensa e ao público, desautorizando especulações sobre informações que ainda estão cobertas por sigilo, principalmente quando fazem ilações em véspera de eleição.

A revista Veja "deduziu" uma lista de alguns governadores, deputados e senadores que estariam "envolvidos" na delação premiada. Não gosto nem um pouco de alguns nomes que estão ali, e acho até que se o Judiciário funcionasse melhor com quem não é petista, muitos já estariam fora da vida pública. Acho também óbvio que está faltando nomes ali de "amigos" da revista. Mas acho inconsequente e leviano este tipo de listão sem confirmar do que se trata primeiro.

Acusações graves devem ter pé e cabeça. Devem descrever crimes e quem foram os autores ou, pelo menos, individualizar quem é acusado do que e porque. Soltar ao vento "envolvimento" é coisa para adversários políticos se atacaram no horário eleitoral quando apelam para a baixaria. Não é informação jornalística.

Mesmo com o desejo da revista Veja atingir o PT, acaba atingindo a candidatura de Marina Silva (PSB), ao colocar o nome de Eduardo Campos entre os "envolvidos". Por tabela, também atinge Aécio Neves (PSDB), pois outro nome no listão é do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) que está apoiando Aécio e lançou como vice para sua sucessão o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), que é primo do tucano e foi presidente do PP até 2013, o partido mais ligado com Paulo Roberto da Costa. Claro que a revista Veja não fez nenhuma ilação nesta parte, protegendo Aécio.

1 Comentários:

Missionária e Escritora Ester Neves disse...


Dilma, mulher de mãos limpas, SIM!
Fosse corrupta não buscava criar condições para promover um governo transparente. Teria feito como FHC, que a primeira coisa que fez foi acabar com a CEI (Comissão Especial de Investigação), criada por Itamar Franco - para subsidiá-lo com informações a respeito desse cancro - demonstrando que um governo transparente não estava em seus planos.
Corrupção não se acaba por decreto, nem com atividades messiânicas, ou com a utilização de bola de cristal...
Para continuar lendo acesse:http://zip.net/bwpt1w

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração