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sexta-feira, 4 de maio de 2012

O que muda e quem chora pelas novas regras da poupança

O que mudou na caderneta de poupança para o poupador:

- Para os saldos existentes até ontem (3) não muda nada. Continuará rendendo a mesma coisa que rendia antes enquanto este dinheiro continuar aplicado.

- Para depósitos novos, o cálculo do rendimento ainda continua exatamente o mesmo, enquanto a SELIC estiver acima de 8,5%. Hoje está em 9%, portanto ainda não afetou nada.

- Quando a SELIC cair abaixo de 8,5%, o novo cálculo produzirá um rendimento ligeiramente menor do que seria com as regras de hoje, mas a diferença no rendimento ainda será pequena. Para a maioria das pessoas a poupança ainda será uma excelente aplicação.

Se a SELIC cair a 8%, quem aplicou R$ 5.000 na poupança por um ano teria um saldo de R$ 5.368,79 pela regra atual. Pela nova regra terá R$ 5.347,64, apenas R$ 21,33 a menos. Não tornará ninguém mais pobre por causa disto.


- Só quando a SELIC cair demais (o que deve levar algum tempo, pois a meta atual de inflação é 4,5%, podendo chegar a 6,5%) é que será perceptível uma diferença significativa em relação ao rendimento atual. Mesmo assim continuará sendo uma boa alternativa para quem poupa, como acontece nos países ricos cujas taxas de rendimento são bem menores do que no Brasil.

Isto porque é preciso levar em conta que liberando a queda da SELIC para cair a taxas baixas, toda a economia produtiva ficará mais barata. O custo para as empresas produzirem cairá. Então, se a poupança rende menos por um lado, por outro o custo de vida também subirá menos (pois o custo financeiro embutido nos preços será menor), aumentando o poder de compra do dinheiro que cada um tem na mão.

Resumindo: se a poupança rende menos, com o dinheiro que estará lá se conseguirá comprar mais. Ganha-se por outro lado. Tanto isso é verdade que nos países ricos é assim, e o poder aquisitivo é alto.

No fundo, guarda semelhança com o fim da correção monetária na época da hiperinflação. O rendimento da poupança era um absurdo (chegou a ser 85% ao mês), mas os preços também subiam no mesmo ritmo, não adiantando nada a poupança parecer que rendia muito.

O que muda para o país:


- Se a poupança continuasse rendendo 0,5% ao mês + TR, não haveria como diminuir a taxa básica de juros abaixo desse patamar, pois esse valor seria o piso de juros do mercado financeiro, na prática. Agora, com o rendimento da poupança ficando vinculado à SELIC, quando esta for menor do que 8,5% ao ano, tem como o Brasil almejar taxas de juros baixas, como é na economia de outros países ricos. O erro da poupança foi quando foi estabelecida esta regra com este piso, em épocas em que não se acreditava que o Brasil teria inflação e juros tão baixos como os países ricos.

- Com SELIC baixa, como já foi dito, o custo financeiro para quem produz é menor. Esse custo vem embutido no preço dos produtos, que serão menores. Tornará produtos fabricados no Brasil mais competitivos e mais baratos para os próprios consumidores brasileiros.

- Também cairá as prestações de qualquer crediário ou financiamento, como já está acontecendo.

- Se por um lado os juros da caderneta de poupança caem, cairá também os juros do financiamento para a casa própria.

Quem chora pelas novas regras da poupança, é quem não ainda não entendeu que estamos rompendo com a realidade do passado subdesenvolvido, e ingressando no mundo dos países ricos, com essa riqueza sendo distribuída para os cidadãos brasileiros.

Nos países ricos, onde a moeda é estável há anos, o rendimento deste tipo de aplicação é mais baixo do que a poupança no Brasil, às vezes bem mais baixo. Se quisermos ser um país de cidadãos com alta renda per-capta, não podemos ficar eternamente atrelados a regras econômicas de outra realidade, do passado subdesenvolvido.

As explicações do Ministro da Fazenda Guido Mantega está em vídeo no Blog do Planalto.

A apresentação em "slides" do Ministério da Fazenda está aqui (aquivo em PDF).

4 Comentários:

Reg disse...

Acredito que houve esta mudança, em razão dos grandes especuladores usarem a poupança para ganhar mais dinheiro, caso as outras aplicações rndessem menos.
Aí, se utilizariam de laranjas, ou seja, de quem que já tinham aplicações em poupança, a fim de garantir os mesmos ganhos dos pequenos poupadores.

Unknown disse...

Ótimo post, mas gostaria de complementar com um ponto: é importante a taxa de juros cair não só por causa dos financiamentos mais baratos. Suponha que alguém tenha poupado 50.000 e a taxa seja de 20% (como era há não muito tempo). Pra fazer o dinheiro render, seria melhor comprar títulos do governo e ter 10.000 por ano praticamente garantido ou arriscar abrir um pequeno comércio, digamos, pra tentar ganhar mais? Acontece que 20% de retorno ao ano é uma taxa BEM alta, difícil para uma empresa atingir. E o risco de abrir uma empresa também é longe de zero. Ou seja: com a taxa de juros alta, o estímulo pra investir em alguma nova atividade produtiva é muito baixo.

E o que o governo fez pra pagar esses 10.000? Cobrou impostos. Além de não produzir nada, cobrou mais de quem produz.

Com uma taxa bem menor, abaixo de 5% como é normal nos E.U.A. e Europa (isso em tempos sem crise, atualmente o patamar é mais baixo ainda...) quem tem poupança precisa investir em alguma atividade REALMENTE produtiva pra ver o dinheiro render, já que o ganho financeiro é muito pequeno.

eduardo disse...

Tenho 100 mil investidos na poupanca , alguem poderia traduzir em ganhos pra mim caso a selic caia pra 8 por cento apos a reuniao do copom dia 30 ? sei que a tr ficara = 0 porem o poder de compra da poupanca ficara maior

eduardo disse...

Tenho 100 mil investidos na poupanca , alguem poderia traduzir em ganhos pra mim caso a selic caia pra 8 por cento apos a reuniao do copom dia 30 ? sei que a tr ficara = 0 porem o poder de compra da poupanca ficara maior

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