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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O Globo: Notícia ou merchandising do Bradesco?

É completamente anormal um jornalão corporativo como "O Globo" colocar em uma manchete de capa uma marca comercial, divulgando os interesses de venda de um produto como se fosse notícia (como aconteceu na terça-feira).

Esse tipo de ação costuma ser regiamente remunerada, através da técnica de marketing conhecida como merchandising (um tipo de jabaculê, no linguajar popular).

Isso é muito comum em pequenos jornais de bairro, onde o jornal publica uma notícia positiva sobre produtos e serviços, casada com quem anuncia no jornal.

Curiosamente, o Bradesco é patrocinador oficial do Jornal Nacional da TV Globo.

É preciso lembrar que a manchete principal da primeira página não atinge apenas quem compra ou assina o jornal. Ela fica exposta como um cartaz nas bancas de jornais, funcionando como anúncio para transeuntes, multiplicando o efeito do merchandising.

Nos grandes jornalões, quando a notícia é relevante, geralmente falam em "bancos" ou "bancos privados" de forma genérica, sem divulgar a marca na manchete, restringindo ao corpo do texto. E é mais comum constar no caderno de economia, e não como principal matéria de capa.

No mesmo dia da inusitada manchete, a Caixa Econômica Federal anunciou redução das taxas do cartão de crédito Construcard, destinado à compra de materiais de construção, e o lançamento do cartão Moveiscard para financiar a aquisição de móveis, eletroeletrônicos e eletrodomésticos, em especial aos clientes do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, que tem a Caixa como principal agente financeiro. Nada disso, mais relevante para o interesse do cidadão, mereceu manchete de capa no jornalão, sendo noticiado apenas no caderno de economia, o que é o normal neste tipo de jornal.

Os bancos públicos já haviam cortado os juros para números menores do que o anunciado pelo Bradesco, mas não contaram com a "generosidade" das manchetes do jornalão, tendo que pagar anúncios para divulgar.

A manchete coincide com o momento em que a Caixa Econômica Federal contabiliza crescimento de 27% na clientela de pessoas físicas e 40% na clientela de pessoas jurídicas, justamente por praticar juros e tarifas menores, tomando fatia de mercado dos bancos privados.

O crescimento da Caixa está tão vigoroso que planeja abrir 2.000 agências até 2014, e contratar 10 mil funcionários.

A manchete de "O Globo" diz muito sobre o uso do noticiário como instrumento de poder econômico e político.

4 Comentários:

Ignez disse...

"Há tempos a imprensa deixou de informar, para iludir, manipular, mentir." Escancarada, novamente, a olipolização e oligarquização da mídia tupiniquim. Cadê a Regulamentação da Mídia? O ministro Bernardo ainda está hibernando?

Mello disse...

Muito interessante, mesmo... A empresa faz questão de na TV apagar ou colocar um borrão digital sobre as marcas que não estão pagando, para evitar "carona".

Cabral disse...

Lula preparou o campo. Dilma era pra jogar firme, mas já está goleando. Agora os especuladores falastrões e profetas do apocalipse estão tendo que correr atrás. E olha que o prejuízo deles, se não acordarem, vai ser o rebaixamento pra segunda divisão.
Com aumento da renda o povo agora escolhe. Não é mais obrigado a aceitar trabalhar com bancos privados que estão apelando para esse jogo cretino, achando que ninguém vai perceber.

Carlos Morelli disse...

O Bradesco, o Itaú e até o Santander como também o globo, a folha, o estadão e a veja não são empresas ruins. Elas são desacreditadas pela maioria da população. As atitudes positivas delas aparecem na qualidade do marketing mas na realidade do dia a dia a situaçaõ real é outra. Isso porque para elas o lucro fala mais alto do que a ética nos negócioas e o povo descobre. Como se dizia e ainda funciona: "O castigo vem a cavalo"

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